...NÃO SE CASAR!?!
Você é um "mendigo sexual" e está desesperado, já passou dos 25 anos e ainda é virgem e, de repente, aparece uma mulher para lhe aliviar o seu atraso. Os milagres acontecem. Uma doida, inexplicavelmente, foi com a sua cara e cismou que o ama. Quis fo*** consigo, sem que você tivesse que pagar por isso.
Não caia na asneira de se prender pela cabeça de baixo. Não se case com uma mulher só porque ela tem um rabão e sabe fazer aquelas coisas gostosas que você só conhecia pelas revistas. A paixão acaba em menos de 3 anos, o apetite vai-se embora. A mulher engorda, vira uma sapa e você enjoa-se dela. Se não houver algo mais profundo entre os dois, algo parecido com o que chamam de amor, se não houver companheirismo, cumplicidade, amizade, identificação, vontade de estar junto, o sexo não vai tapar esse buraco por muito tempo.
É melhor você ir a uma zona de dez euros e desafogar as suas frustrações com a Dona Amélia. Sai bem mais em conta. Ou continuar a quebrar o galho com as revistinhas e esperar mais um pouco.
Você namora em banho-maria há cinco anos e não sabe como terminar. Resolveu tornar-se noivo apenas para calar a boca da mãe dela que o detesta e para ganhar tempo. A verdade, meu amigo, é que ela já lhe deu tudo aquilo que você queria. Centenas de vezes. A relação de vocês entrou numa mesmice, num beco sem saída. Vocês já não estão mais apaixonados. Vocês não têm filhos, não há mais novidade, admiração. Vão aos mesmos lugares, fazem as mesmas coisas. Não resta mais nada, só a vontade de saltar fora, bater asas para longe e ver-se livre de um compromisso que se tornou uma grande mentira.
Você não tem onde cair morto, não tem uma profissão e nem qualquer perspectiva em relação ao seu futuro financeiro. Parou de estudar no 9° ano e não prosseguiu os estudos. Não fez um curso técnico, faculdade. Você não sabe fazer nada. Detesta lidar com pessoas, não sabe ganhar dinheiro, não gosta de trabalhar, não consegue manter-se em emprego nenhum. Você é incompetente demais. Distraído, lento, burro. Trapalhão. Principalmente, você não sabe o que quer da sua vida. Você não se encontrou.
Por mais que esteja apaixonado, não se iluda. Resolva essa questão bem resolvida, antes de pensar em meter uma aliança no dedo. Empreguinho de salário mínimo não vai resolver o seu problema. Logo a seguir ela engravida e os dois vão ficar no maior reboliço. O que era para ser um lar doce lar, vira um inferno. O amor não enche a barriga e não paga as contas.
Você é extremamente individualista e venceu na carreira. É um profissional reconhecido e bem-sucedido, conquistou a sua independência financeira, mas é orgulhoso e arrogante. Odeia receber ordens, odeia ter que dar satisfação da sua vida. Não suporta que o questionem, ou que abram as suas gavetas, ou vasculhem o seu computador. À noite você sai de carro e arrasta uma desconhecida bêbada para o seu apartamento. Quando lhe dá na ganaa, sai estrada fora e vai pular a cerca qualquer. O que o move é a conquista; você não ama ninguém. Nem sabe porque se há-de casar. Talvez por estar a envelhecer e achar que precisa de dar uma satisfação à sociedade, ou à sua família, ou aos seus amigos.
Você acha que o dinheiro paga a sua liberdade, que basta mobiliar uma casa, colocar uma mulher lá dentro, pagar a uma empregada, a uma cozinheira, a uma lavadeira, etc. Então você casa-se e, no dia seguinte, acha que pode deixar a mulher a ver televisão, a pegar no seu carro e voltar para a sua vida de sempre. Sair para ver o jogo na televisão do tasco da esquina, chegar de madrugada, bêbado. Eventualmente, você apanha uma mulherzinha por aí, que ninguém é de ferro. A sua esposa e você passam dias sem conversar. Para compensar, você deixa-a estourar o cartão de crédito com jóias, roupas. Se ela o chama à atenção, você acha que ela quer sexo. Dá umas bimbalhadas de qualquer maneira, vira-se para o canto e ressona.
Ela viaja sem avisar quando volta e você sente até um alívio. Ela não lhe faz um telefonema. Após duas semanas, ela volta com uma tipo de quem se apaixonou e você finge que não percebe. Então ela dá-lhe um filho e, no fundo, você nem tem a certeza de que é seu. Deixa-o para a avó o cuidar. Nunca muda uma fralda, nunca passa uma tarde a brincar com ele. Enche o pobrezinho de presentes caros e acha que está tudo certo.
Se você, leitor, se enquadra em qualquer destas situações, você não está pronto para se casar. Não está pronto para ceder, dividir, para cumprir com a sua cota de responsabilidade e sacrifício numa relação. Continue solteiro. Garanto que não se arrependerá.