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Coninhas

Ser Coninhas é um Direito!

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Ser Coninhas é um Direito!

A MULHER INVISÍVEL

O Francisco Mesquita era um chefe de família trabalhador e amigo da mulher e dos filhos aos quais procurava não faltar com nada.
Quarentão, de estatura média, trabalhava numa empresa onde ganhava um belo ordenado. Tinha uma barriguita já notoriamente protuberante e um cabelo castanho-escuro com poucas cãs mas com umas entradas pronunciadas. Palrador, de verbo fácil e inventivo, era muito teimoso e a opinião dele tinha de prevalecer nem que usasse os argumentos mais estapafúrdios.
A Eva era professora do secundário, baixa e anafada, mas com uma cara ainda bonita.
O Tiago e o Carlos eram os filhos, adolescentes dinâmicos.
Mas o Mesquita, com a sua prosápia, gostava de dizer às mulheres daquelas coisas que elas adoram ouvir. Muitas delas não lhe ligavam nada, mas algumas tomavam-se de amores pelo Chico.
Uma delas era uma funcionária do laboratório, Amélia de seu nome, vinte e poucos aninhos muito bem aplicados num corpo de escultura grega e numa cara de deixar as bocas masculinas em forma de O.
Tanto o parlapatão gabou a sua vivenda à loira rapariga, tanto lhe descreveu os seus interiores, as salas onde se sentava a ouvir musica e a pensar nela, os quartos onde sonhava possuí-la e outros cânticos celestiais, que já levava a moça para uma residencial uma ou duas vezes por semana.
Mas ele insistia em mostrar-lhe a casa. Ela dizia que podia ser perigoso, que era melhor desistir da ideia.
- Não, Melinha! Quero que vejas a casa onde um dia havemos de morar os dois – insistia ele.
E a bacoca da rapariga olhava embevecida para ele.
Até que, um dia, o Mesquita lhe telefonou do seu gabinete e falou assim:
- Minha querida! Vai ser hoje! A velha foi num passeio da escola e os rapazes estão nas aulas.
- Mas de que falas? – perguntou ela.
- Da minha vivenda! É hoje que vamos lá dar uma saltada. Vamos recolher umas amostras de água e depois vou-ta mostrar.
- E tens a certeza de que é seguro?
- Então tu não confias em mim, Melinha? – inquiriu o homem.
- Claro que sim!
- Vou telefonar daqui a pouco à tua chefe e depois saímos no carro da firma que já requisitei.
- Está certo! Fico à espera – anuiu a rapariga.
O trabalho fez com que o Chico se atrasasse mas isso não impediu que, por volta das cinco da tarde e com a maior desfaçatez, ambos entrassem na Vivenda Paraíso.
E o vaidoso Mesquita foi mostrando à loira extasiada as maravilhas de que tantas vezes lhe havia falado.
Mas, de repente, ouviram a porta a abrir-se.
- Esconde-te e não faças barulho! – ordenou ele enquanto a empurrava para dentro do escritório.
Fechou a porta e perguntou:
- Quem está aí?
- Sou eu, Chico! – respondeu a Eva.
- Já? O passeio foi rápido – disse ele sem deixar transparecer qualquer perturbação.
- Foi anulada uma visita e chegamos mais cedo. Como quasi todos os alunos tem telemóvel comunicaram com os pais para os avisar e eu vim logo para casa – explicou a mulher.
- E fizeste muito bem! – mentiu o descarado.
Mas Eva também estranhou a presença do marido em casa e perguntou:
- E tu? Que estás a fazer aqui em casa a esta hora? Sentes-te bem?
- Estou óptimo! Vim aqui procurar uns papéis que me fazem falta lá na empresa.
- Está bem! – rematou a gorducha.
O passarão do Mesquita voltou a entrar no escritório, pegou num dossier e disse para a apavorada Amélia:
- Não tenhas medo! Ela foi para o quarto e vai despir-se. Eu vou lá controlar os movimentos e quando for seguro passo por aqui, abro-te a porta e vens atrás de mim. E tem calma que não vai haver nenhum problema.
Mas eis que a mulher entra no escritório, em trajos menores e vê o homem e a loira.
A primeira reacção foi de tal estupefacção que ficou paralisada, mas não demorou muito a dizer num tom de voz nada amistoso:
- Mas quem é esta mulher?
- Que mulher? – perguntou o mariola.
- Que mulher? Essa loira que está aí ao teu lado! – especificou ela.
- Mas aqui não está ninguém! Que se passa contigo? Estás com alucinações? – negou ele com uma tremenda convicção.
- Tu não me queiras convencer que estou maluca porque estou muito bem da minha cabeça e dos meus olhos – falou a Eva, já aos gritos e com as banhas a saltitar.
- Desculpa, meu amor! Mas de facto não está aqui ninguém. – insistiu o homem na mentira – Só nós os dois.
- Ai não? Então espera aí que já vais ver se está ou não está! – e dirigiu-se para a dispensa tão depressa quanto o pesado rabo manchado por celulite lhe permitia.
- Anda agora, Melinha! É o momento de saíres. Vem atrás de mim.
E levou-a rapidamente até à porta da rua, dizendo:
- Vai de autocarro para a empresa. Depois falamos.
E empurrou a aturdida amante para o pequeno jardim que ficava na frente da habitação, fechou a porta e, quando chegou ao escritório já lá estava a mulher de vassoura em punho.
- Onde está essa galdéria? Vai levar umas mocadas e depois quero que me digas se está ou não está cá alguém.
- Podes ter a certeza que não há cá mais nenhuma mulher além de ti, Eva!
- Ai meu sacana que já a puseste na rua! – discerniu ela.
E, começou a dar umas vassouradas no seu homem, enquanto bradava:
- Não apanha ela, apanhas tu, meu estupor! Toma! Toma!

HISTÓRIAS CURTAS

O TÍMIDO
O Reinaldo Aguiar era um tipo tímido.
Mais do que isso, era um tímido quasi patológico.
Com 22 anos e o 12º ano, trabalhava numa empresa em posto de pouca importância, de curta responsabilidade e de baixo salário recebido a troco de um recibo verde.
O emprego foi-lhe arranjado pelo pai.
Filho único, apaparicado, continuava a viver com os progenitores numa casa modesta.
Não tinha carro nem namorada.
Nunca teve coragem para fazer um convite a uma rapariga e, quando eram elas a atiçarem-no, deixava-se ficar indiferente. Não por falta de vontade em corresponder, mas porque alguma força invisível o bloqueava.
Mas agora estava decidido a deixar a vida de eterno solitário e começar a ter relações com mulheres, a todos os níveis. Que diabo! Tinha de vencer a timidez que lhe tornava a vida fastidiosa e muito pouco satisfatória.
E assim resolveu ir às meninas para finalmente perder a virgindade sexual.
Numa noite com o céu estrelado foi até um local que já tinha visitado várias vezes mas sempre sem ter coragem para avançar.
Mas desta vez a determinação era enorme.
Foi caminhando devagar pelo passeio onde as rameiras faziam trottoir ou permaneciam encostadas às paredes das casas lançando olhares e frases de provocação e convite.
- Então filho? Vamos para a cama? – disse-lhe uma delas.
O Reinaldo estacou.
Olhou para ela e viu uma mulher claramente mais velha. Era difícil adivinhar-lhe a idade pois a vida irregular e cheia de complicações fá-las sempre parecer ter mais anos de vida do que aqueles que oficialmente possuem.
- Tem de ser! Vai esta mesmo! – pensou ele, fazendo esforço para vencer a timidez.
E falou:
- E quanto é?
- Quinze euros, fora o quarto – informou a meretriz.
- E quanto é o quarto? – continuou o diálogo, o repentinamente corajoso moço.
- Cinco euros. Mas é bom e limpo.
- Vamos lá! – disse o moço, descarregando algum do nervoso que o tolhia.
- Vamos por aqui, então! – indicou ela, entrando numa porta que estava mesmo ao seu lado.
Ele seguiu-a. Subiram umas escadas de madeira rangendo e ele pode apreciar que ela usava uma saia curtíssima que lhe deixava ver umas calcinhas brancas.
Chegados ao andar superior, a prostituta disse:
- Pagas aqui o quarto – e olhou para um pequeno balcão onde uma mulher já idosa afirmou maquinalmente:
- Cinco euros!
O Reinaldo pegou na carteira, abriu-a, e dela retirou uma nota que entregou à velhota.
- Quarto 7!
- Anda, meu querido! – disse para o jovem.
E a mulher contratada meteu por um corredor estreito parando em frente a uma porta que ela empurrou e logo se abriu. Entrou e o rapaz seguiu-a.
A rameira voltou-se para ele e pediu:
- Primeiro dá-me os quinze euros, filho.
O Reinaldo foi de novo à carteira e entregou-lhe duas notas.
A mulher começou logo a tirar a pouca roupa que tinha e disse:
- Tens camisa?
- Tenho! – respondeu ele.
- Então dá-ma e despe-te.
O Reinaldo entregou-lhe o preservativo, tirou a roupa e ficou nu. Entretanto também a mulher se tinha já despido completamente deixando à vista um corpo com seios descaídos, uma barriga razoavelmente saída e com bastantes estrias, uma boa dose de celulite e algumas varizes bem visíveis nas pernas.
- Deita-te que eu ponho-te isso em pé – ordenou.
O moço esticou-se na cama de barriga para o ar e ela, enquanto lhe pegava no pénis e começava a acariciá-lo disse:
- Tens um belo corpo!
Espremeu a glande para se certificar que o cliente não estava com nenhum esquentamento.
O órgão começou a dar sinais de excitação e ela meteu-o na sua boca para o deixar com a rigidez de um falo competente.
O rapaz permanecia deitado com os olhos fechados.
Pouco depois ela aplicou o condom, deitou-se ao lado dele e disse:
- Já podes meter!
A matrona estava já de pernas abertas e joelhos dobrados e o Reinaldo colocou-se sobre ela na posição do missionário.
Introduziu e começou o movimento de ancas habitual nestas circunstâncias.
A sua cara estava frente à da parceira de ocasião quando esta, gemendo fingidamente, começou a brincar com a placa dentária fazendo-a sair parcialmente da boca e recolhendo-a, várias vezes.
O pobre rapaz, perante tal visão, sentiu que alguma coisa não estaria bem com os seus genitais.
E pouco depois ela comentou.
- Estás sem tesão! Anda cá!
E recomeçou a tentar que o órgão voltasse a entumecer.
Nada!
Passados alguns minutos, a profissional apalpou a base do pénis do coitado e comentou:
- Humm...a molinha está partida. Já não vais conseguir levantar isso. Não vale a pena continuar.
Levantou-se e foi fazer uma rápida higiene, enquanto dizia:
- Podes levantar-te e vestir-te. Agora não vais conseguir. Não gostaste de mim, foi?
O rapaz, frustrado na sua tentativa de perder a virgindade, balbuciou:
- Não! A culpa não foi sua – e começou a vestir-se.
Ainda não estava calçado quando a mulher disse “boa noite” e saiu.
O Reinaldo também se lavou, acabou de se arranjar e, mais acabrunhado do que nunca, abandonou o quarto e o prostíbulo dirigindo-se cabisbaixo para casa dos pais, mas dando uma volta maior que o habitual para tentar limpar a cabeça.
Sem sucesso!
Já na sua cama esperou que o sono chegasse, mas só depois de muito se mexer e remexer é que adormeceu.
Na manhã seguinte, sábado, dormiu até às tantas e acordou bem disposto.
Mas a recordação do fracasso da noite anterior não tardou a deixá-lo de novo em baixo.
- Não posso desistir! Até porque a culpa foi daquela tipa horrorosa – tentava dar-se alento o jovem tímido mas também azarado.

Poucas semanas depois do fracasso da ida às meninas, o Reinaldo Aguiar recebeu um convite de um jovem colega de trabalho.
- Oh pá! Não queres ir comigo e com duas gajas curtir um bocado a noite de sábado, pá? – disse o Júlio Marques.
O Aguiar não respondeu logo, pelo que o outro continuou:
- É assim, pá! Eu convidei para sair uma boazona porque quero ver se a papo. Mas a fulana só sai se levar uma amiga que até é bem jeitosa. Portanto, não só me fazias o favor de entreter a outra gaja como ainda podes acabar por a comer ou pô-la a fazer-te um bobó ou outra coisa qualquer, pá.
Desta vez o Reinaldo falou:
- Posso responder-te amanhã?
- Podes, pá! Amanhã de manhã, ok pá? Porque se não quiseres aproveitar esta oportunidade tenho de falar a outro tipo. Elas tem ambas vinte e poucos anos como nós, pá. Mas tens de empalear um bocado, senão ela fica junto da minha e estraga-me o programa, pá.
- Está bem! Eu amanhã digo-te se vou ou não – comprometeu-se o rapaz.
Durante o resto do dia e à noite, o Reinaldo foi matutando:
- É uma boa oportunidade. Se der deu, se não der, não deu. Espero que não me saia uma que ponha a placa de fora ou faça coisas que me provoquem novo fracasso. Parece que é nova e jeitosa. Com uns copos eu posso ficar mais desinibido e dizer umas piadas que lhe agradem. E se ela simpatizar comigo, pode ser que se torne mais atiradiça, colabore, e eu desta vez consiga.
Na manhã seguinte, mal encontrou o colega no escritório, disse-lhe:
- Já te posso confirmar, Júlio! Estou disponível para sair contigo e com as moças no sábado à noite.
- Óptimo, pá! A minha parceira chama-se Sónia e a tua é Teresa, mas é conhecida por Té. Não te vais arrepender, tenho quasi a certeza, pá.
- Não te esqueças que eu não tenho carro – lembrou o tímido.
- Não há problema, pá! Eu vou-te buscar e depois vamos a casa da Sónia. Ela tem carro mas vai comigo, pá. A Té parece que não tem mas está em casa da Sónia. Parece que mora perto, pá. Assim vamos os quatro, pá.

No sábado seguinte, por volta das dez da noite, o Reinaldo despediu-se dos pais, entrou para o carro do colega e arrancaram para casa da Sónia.
Pouco depois duas jovens, vestidas descontraídamente com jeans, camisa e blusão também de ganga, entraram para o banco traseiro da viatura.
O Júlio, que se apeara para as ir chamar, sentou-se de seguida ao volante e disse:
- Este é o Reinaldo que trabalha lá na minha empresa, pá.
- Olá! – disseram as moças em uníssono.
- Olá! – respondeu o inibido mancebo.
- Eu sou a Sónia! – informou a mais alta e elegante.
- E eu a Té! – apresentou-se a outra, menos elegante mas com uma cara mais bonita.
- Muito prazer! – falou o rapaz, torcendo-se no assento para olhar para ambas.
Eram morenas e de olhos escuros, pelo menos foi o que lhe pareceu.
- Eu proponho irmos beber um copo a um barzinho muito jeitoso e sossegado e depois podemos ir até minha casa, pá. Estaremos à vontade porque os meus velhos foram passar o fim-de-semana fora e levaram a minha irmã. De acordo, pá?
- Por mim estou nessa! – anuiu a Sónia.
- Eu também alinho, pá! – respondeu a outra dando uma risada.
- E tu, Reinaldo? – continuou a Teresa.
- Por mim está fixe!
Pouco depois estavam os quatro sentados numa mesa de um pequeno mas acolhedor bar a falar sobre vários temos.
Depois de café tomado por todos, eles beberam whisky e elas optaram por um licor. Fumaram uns cigarros e, a certa altura, disse o Júlio Marques.
- Vamos agora até minha casa ouvir umas músicas baris que saquei da Net, pá?
- Bora lá, malta! – comandou a Sónia.
E lá seguiram de novo no carro rumo ao apartamento dos pais do condutor.
- Espero que a polícia não me faça soprar no balão, senão estou tramado, pá. É por isso que prefiro estar em casa onde bebo mais à vontade – disse o dono do veículo que conduzia com alguma velocidade mas com segurança, também.
- Não te esqueças que depois tens de nos levar para casa – lembrou a moça mais alta.
- Tudo bem, pá! Eu não abuso. Prometo, pá!
Chegados ao apartamento, sentaram-se todos na sala e a música começou a soar de forma a não incomodar a vizinhança.
- Vocês podem beber à vontade porque não vão conduzir, pá – sugeriu o Júlio.
E os outros não se fizeram rogados: foram bebendo, ora disto ora daquilo...
O anfitrião, atento, disse então para a Sónia:
- Anda ao meu quarto que te quero mostrar uma coisa, pá.
A rapariga, já um pouco tocada e bem disposta, disse logo:
- Vamos lá! E eles não vem?
- Oh Sónia! Eles vem já! Deixa-os curtir um bocado, pá!
- Ok! – concordou a jovem.
- Oh Té! – continuou ela virando-se para a amiga – Vê lá! Não abuses do álcool senão depois ficas mal disposta.
E o parzinho foi para os aposentos do rapaz.
O Reinaldo continuou a beber com a moça. A certa altura, já com uma boa dose de bebidas brancas que o deixaram a falar com a voz entaramelada, de olhos piscos e muito menos tímido, achou que seria a altura de beijar a Teresa. Esta, já estendida sobre o sofá, de olhos fechados, só disse:
- Não me chateies! Quero dormir!
E o Reinaldo pressentiu que ainda não seria daquela que iria perder a virgindade.
Não tardou que também ele estivesse estirado no chão dormindo sossegadamente.
Quando, passados cerca de dez ou quinze minutos, a Sónia saiu do quarto em direcção à casa de banho, nem reparou nos parceiros de noitada. Foi só levantar a tampa da sanita e vomitar com fartura.
O Júlio seguiu-a, observou os dois que dormiam santamente, e desabafou:
- Está tudo bêbedo! Que merda de noite, pá!
Já eram quatro da manhã quando o organizador da farra iniciou a viagem de devolução dos seus convidados aos locais de partida.
A Té ainda vomitou no carro, para cúmulo da irritação do proprietário.

Na manhã de segunda-feira, quando se encontraram no trabalho os dois rapazes, disse o Reinaldo:
- A night esteve bem escura, no sábado.
- Não digas nada, pá! Nem um beijo! Começou logo a dizer que estava mal disposta – queixou-se o Júlio.
- Fica para a próxima – falou o pacato moço.
- Para a próxima não as podemos deixar beber tanto, pá. Eu já tinha obrigação de saber que isto podia acontecer, mas como a Sónia se andava a fazer cara, tanto mais que disse que só ía se levasse a outra, pensei que um bocado de álcool ajudasse, pá.
- E ajudava! Mas não foi um bocado; foi um bocadão.

E assim o Reinaldo Aguiar viu gorada mais uma oportunidade de se fazer homem.