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Coninhas

Ser Coninhas é um Direito!

Coninhas

Ser Coninhas é um Direito!

A DECISÃO

O Sócrates, ao caminhar tranquilamente por uma rua de Lisboa, é atropelado por um daqueles condutores das corridas da Ponte Vasco da Gama e morre de imediato.
A alma dele chega ao Paraíso e dá de caras com o S. Pedro à entrada.
"Bem-vindo ao Paraíso!" - diz S. Pedro.
"Antes que você entre, há um problemazito... Raramente vemos políticos por aqui, sabe… então não sabemos bem o que fazer consigo”.
"Não vejo problema nenhum, basta deixar-me entrar"
- diz o antigo 1º Ministro Sócrates.
"Eu bem que gostaria de o deixar entrar senhor Engenheiro, mas tenho ordens superiores… Sabe como é… Vamos fazer o seguinte: você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Depois pode escolher onde quer passar a eternidade".
"Não é necessário, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o Primeiro Ministro”.
"Desculpe, mas temos as nossas regras".
Assim, S. Pedro acompanha-o até ao elevador e ele desce, desce, desce até ao Inferno.
A porta abre-se e ele vê-se no meio de um lindo campo de golfe.
Neste clube estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes e em traje social.
Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos à custa do povo.
Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar.
Quem também está presente é o diabo, um tipo muito amigável que passa o tempo todo a dançar e a contar piadas.
Eles divertem-se tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora.
Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador sobe.
Ele sobe, sobe, sobe e a porta abre-se outra vez.
S. Pedro está à espera dele.
Agora é a vez de visitar o Paraíso.
Ele passa 24 horas no paraíso, junto de um grupo de almas contentes que andam de nuvem em nuvem, a tocar harpa e a cantar.
Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia chega ao fim e S. Pedro retorna.
"E então??? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna."
Ele pensa um minuto e responde:
"Olhe, eu nunca pensei... vir a tomar esta decisão… O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar muito melhor no Inferno."
Então S. Pedro, abanando com a cabeça, leva-o de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até ao Inferno.
A porta abre-se e ele vê-se no meio de um enorme terreno baldio cheio de lixo e com um cheiro horrível.
Ele vê todos os seus amigos com as roupas rasgadas e muito sujas, a catar o entulho e a colocá-lo em sacos pretos. Repara que, por vezes, os amigos se pegam à pancada, na disputa de pedaços de comida podre.
O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo ombro do 1º Ministro.
" Não estou a entender?!" - gagueja o Sócrates.
"Ontem estive aqui e havia um lindo campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançámos e divertimo-nos o tempo todo. Agora só vejo este fim de Mundo cheio de lixo mal cheiroso e os meus amigos totalmente arrasados!!!"
O diabo olha para ele… sorri ironicamente e diz:
"Ontem estávamos em campanha. Agora, que conseguimos o seu voto... eis a realidade."

CONTRA O ENCERRAMENTO DA...



...I N D E P E N D E N T E


Não se percebe a razão do encerramento da Universidade Independente!
É que, como se demonstrou, está muito mais à frente que qualquer outra universidade.
Senão vejamos:
- está aberta nas férias do Verão;
- passa diplomas aos Domingos;
- aceita candidatos sem documentação comprovativa das habilitações, confiando na boa fé dos candidatos (princípio humanista);
- maximiza a potencialidade científica dos seus docentes, ao colocá-los a reger 4 cadeiras (ao mesmo tempo que o regente é assessor no mesmo Governo onde um dos alunos é Secretário de Estado);
- permite que uma mesma pessoa, num só ano, faça duas licenciaturas;
- convida os seus antigos alunos, que nunca conheceram, a ir dar aulas para lá;
- estabelece planos de curso pessoais "ad-hoc", sem os documentar, para poupar nos custos do papel e impressão;
- possibilita a apresentação de teses finais sem que as mesmas fiquem guardadas no arquivo a ocupar espaço e recursos;
- forma alunos que, no futuro, ascendem a primeiros-ministros.
Como justificar o encerramento de uma universidade assim, cujo mal é, pelos vistos, confiar nas pessoas, poupar nos custos e maximizar os recursos?
Juntemo-nos e lutemos contra o encerramento da U.I.
Passem esta mensagem até chegar às mão do Mariano, o Gago e pode ser que ainda consigamos evitar o pior.

SER FELIZ OU...


..TER RAZÃO
Oito da noite numa avenida movimentada.
Um casal já está atrasado para jantar em casa de uns amigos.
O endereço é novo, assim como o caminho que ela conferiu no mapa antes de sair.
Ele conduz o carro.
Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda.
Ele tem a certeza de que é à direita.
Discutem.
Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal humorados, ela deixa que ele decida.
Ele vira à direita e percebe que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.
Ela sorri e diz que não há problema algum em chegar alguns minutos mais tarde.
Mas ele ainda quer saber:
"Se tu tinhas tanta certeza de que eu estava a tomar o caminho errado, deverias insistir um pouco mais".
E ela diz:
"Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma briga, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite".
MORAL DA HISTÓRIA:
Esta pequena história foi contada por uma empresária durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente de tê-la ou não.
Desde que ouvi esta história, pergunto-me com mais freqüência:
“Quero ser feliz ou ter razão?”
Pensem nisso e sejam felizes!!!
E outro pensamento parecido diz o seguinte (melhor ainda):
“Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam.”

PRISÃO vs. TRABALHO

PRISÃO: Passa-se a maior parte do tempo numa cela 5x6m.
TRABALHO: Passa-se a maior parte do tempo numa sala 3x4m.
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PRISÃO: Recebe-se três refeições por dia, de graça.
TRABALHO: Só se tem uma no horário de almoço e tem de se pagar por ela.
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PRISÃO: É-se liberto por bom comportamento.
TRABALHO: Ganha-se mais trabalho com bom comportamento.
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PRISÃO: Um guarda abre-lhe e fecha-lhe todas as portas.
TRABALHO: Deve, por si mesmo, abrir as portas, se não for barrado pela segurança por se ter esquecido do crachá.
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PRISÃO: Vê televisão e joga às cartas, bola, damas, etc.
TRABALHO: Será demitido se vir televisão e jogar qualquer coisa.
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PRISÃO: Pode receber-se visitas de amigos e parentes.
TRABALHO: Não há tempo sequer para se lembrar deles.
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PRISÃO: Todas as despesas são pagas pelos contribuintes, sem o seu esforço.
TRABALHO: Tem de pagar todas as suas despesas e ainda paga impostos e taxas deduzidas do seu salário que servem para cobrir despesas dos presos...
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PRISÃO: Algumas vezes aparecem carcereiros sádicos...
TRABALHO: Aqui no trabalho, carcereiros usam nomes específicos: Gerente, Director, Chefe...
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PRISÃO: Tem-se todo o tempo para ler piadinhas.
TRABALHO: Ai se o apanham...
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TEMPO DE PENA:
Na prisão, sai-se depois de 15 anos.
No trabalho terá de cumprir 36 anos ou mais, e não adianta ter bom comportamento.

O ENTERRO DE UMA CUBANA

Em Cuba, a família toda surpreendeu-se quando chegou, vindo de Miami, um caixão com o cadáver de uma tia muito querida.
O corpo estava tão apertado dentro dele que o rosto estava colado ao visor de vidro.Quando abriram o caixão encontraram uma carta presa na roupa da defunta com um alfinete, que dizia assim:"Queridos Pai e Mãe.Estou a enviar-lhes os restos mortais da tia Josefa para que façam o seu enterro em Cuba, como ela tanto desejava.Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitas despesas com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio.Vocês encontrarão, dentro do caixão, sob o corpo da tia, o seguinte:12 latas de atum Bumble Bee,12 frascos de Condicionador12 de champoo Paul Mitchell12 frascos de Vaselina Intensive Care (Muito boa para a pele. Não serve para usar na cozinha!)12 tubos de pasta de dentes Crest12 escovas de dentes12 latas de Spam das boas (são espanholas) e 4 latas de chouriço El Melão.Repartam com a família, mas sem confusões!Nos pés da tia estão um par de ténis Reebok novos, tamanho 9, para o Joselito (é para ele, pois com o cadáver do tio não se mandou nada para ele e eu sei que ele ficou amuado).
Sob a cabeça há 4 pares de bomés novos para os filhos do António. São de cores diferentes (por favor, repito não briguem por isso!).A tia está vestida com 15 pulóveres Ralph Lauren. Um é para o Robertinho e os demais para os filhos e netos dele.Ela também usa uma dezena de sutians Wonder Bra (os meus favoritos). Dividam entre as mulheres e também os 20 vernizes para as unhas Revlon que estão nos cantos do caixão.
Três dezenas de calcinhas Victoria's Secret que devem ser repartidas entre as minhas sobrinhas e primas.
A tia também está vestida com nove calças Docker's e 3 jeans Lee. Pai, fique com 3 e as outras são para os meninos.
O relógio suíço que o pai me pediu, está no pulso esquerdo da tia.Ela também está a usar o que a mãe me pediu (pulseiras, anéis, etc.).A gargantilha que a tia está a usar é para a prima Rebeca e também os anéis que ela tem nos pés.Os oito pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, vendam-nas (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem).A dentadura que pusemos à tia é para o avô que ainda que não tenha muito que mastigar, com ela dar-se-á melhor (que ele a use pois foi muito cara).Os óculos bifocais são para o Alfredito, pois são da mesma graduação que ele usa. E também o chapéu que a tia usa.Os aparelhos para a surdez que ela tem nos ouvidos são para a Carola. Eles não são exactamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos.Os olhos da tia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a corrente de ouro para o Gustavo e o anel de brilhantes para o casamento da Katiuska.A peruca prateada com reflexos dourados que a tia usa, também é para a Katiuska que vai brilhar no seu casamento.Com amor, da vossa filha Carmencita.
PS1:
Por favor, encontrem uma roupa para vestir a tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso da sua alma, pois realmente sempre nos ajudou, até depois de morta.
Como vocês repararam o caixão é de madeira boa (não de pinho). Podem desmontá-lo e fazer os pés da cama da mãe e outros consertos em casa.
O vidro do caixão serve para fazer uma moldura para a fotografia da avó que está há anos a precisar de uma nova.
Com o forro do caixão, que é de cetim branco (US$ 20,99 o metro), a Katiuska pode fazer o seu vestido de noiva.Não se esqueçam, com a alegria destes presentes, de vestir a tia para o enterro!!!
Com amor, Carmencita.
PS2:
Com a morte da tia Josefa, a tia Blanca ficou doente.Se quiserem antecipar algum pedido..."

A MULHER INVISÍVEL

O Francisco Mesquita era um chefe de família trabalhador e amigo da mulher e dos filhos aos quais procurava não faltar com nada.
Quarentão, de estatura média, trabalhava numa empresa onde ganhava um belo ordenado. Tinha uma barriguita já notoriamente protuberante e um cabelo castanho-escuro com poucas cãs mas com umas entradas pronunciadas. Palrador, de verbo fácil e inventivo, era muito teimoso e a opinião dele tinha de prevalecer nem que usasse os argumentos mais estapafúrdios.
A Eva era professora do secundário, baixa e anafada, mas com uma cara ainda bonita.
O Tiago e o Carlos eram os filhos, adolescentes dinâmicos.
Mas o Mesquita, com a sua prosápia, gostava de dizer às mulheres daquelas coisas que elas adoram ouvir. Muitas delas não lhe ligavam nada, mas algumas tomavam-se de amores pelo Chico.
Uma delas era uma funcionária do laboratório, Amélia de seu nome, vinte e poucos aninhos muito bem aplicados num corpo de escultura grega e numa cara de deixar as bocas masculinas em forma de O.
Tanto o parlapatão gabou a sua vivenda à loira rapariga, tanto lhe descreveu os seus interiores, as salas onde se sentava a ouvir musica e a pensar nela, os quartos onde sonhava possuí-la e outros cânticos celestiais, que já levava a moça para uma residencial uma ou duas vezes por semana.
Mas ele insistia em mostrar-lhe a casa. Ela dizia que podia ser perigoso, que era melhor desistir da ideia.
- Não, Melinha! Quero que vejas a casa onde um dia havemos de morar os dois – insistia ele.
E a bacoca da rapariga olhava embevecida para ele.
Até que, um dia, o Mesquita lhe telefonou do seu gabinete e falou assim:
- Minha querida! Vai ser hoje! A velha foi num passeio da escola e os rapazes estão nas aulas.
- Mas de que falas? – perguntou ela.
- Da minha vivenda! É hoje que vamos lá dar uma saltada. Vamos recolher umas amostras de água e depois vou-ta mostrar.
- E tens a certeza de que é seguro?
- Então tu não confias em mim, Melinha? – inquiriu o homem.
- Claro que sim!
- Vou telefonar daqui a pouco à tua chefe e depois saímos no carro da firma que já requisitei.
- Está certo! Fico à espera – anuiu a rapariga.
O trabalho fez com que o Chico se atrasasse mas isso não impediu que, por volta das cinco da tarde e com a maior desfaçatez, ambos entrassem na Vivenda Paraíso.
E o vaidoso Mesquita foi mostrando à loira extasiada as maravilhas de que tantas vezes lhe havia falado.
Mas, de repente, ouviram a porta a abrir-se.
- Esconde-te e não faças barulho! – ordenou ele enquanto a empurrava para dentro do escritório.
Fechou a porta e perguntou:
- Quem está aí?
- Sou eu, Chico! – respondeu a Eva.
- Já? O passeio foi rápido – disse ele sem deixar transparecer qualquer perturbação.
- Foi anulada uma visita e chegamos mais cedo. Como quasi todos os alunos tem telemóvel comunicaram com os pais para os avisar e eu vim logo para casa – explicou a mulher.
- E fizeste muito bem! – mentiu o descarado.
Mas Eva também estranhou a presença do marido em casa e perguntou:
- E tu? Que estás a fazer aqui em casa a esta hora? Sentes-te bem?
- Estou óptimo! Vim aqui procurar uns papéis que me fazem falta lá na empresa.
- Está bem! – rematou a gorducha.
O passarão do Mesquita voltou a entrar no escritório, pegou num dossier e disse para a apavorada Amélia:
- Não tenhas medo! Ela foi para o quarto e vai despir-se. Eu vou lá controlar os movimentos e quando for seguro passo por aqui, abro-te a porta e vens atrás de mim. E tem calma que não vai haver nenhum problema.
Mas eis que a mulher entra no escritório, em trajos menores e vê o homem e a loira.
A primeira reacção foi de tal estupefacção que ficou paralisada, mas não demorou muito a dizer num tom de voz nada amistoso:
- Mas quem é esta mulher?
- Que mulher? – perguntou o mariola.
- Que mulher? Essa loira que está aí ao teu lado! – especificou ela.
- Mas aqui não está ninguém! Que se passa contigo? Estás com alucinações? – negou ele com uma tremenda convicção.
- Tu não me queiras convencer que estou maluca porque estou muito bem da minha cabeça e dos meus olhos – falou a Eva, já aos gritos e com as banhas a saltitar.
- Desculpa, meu amor! Mas de facto não está aqui ninguém. – insistiu o homem na mentira – Só nós os dois.
- Ai não? Então espera aí que já vais ver se está ou não está! – e dirigiu-se para a dispensa tão depressa quanto o pesado rabo manchado por celulite lhe permitia.
- Anda agora, Melinha! É o momento de saíres. Vem atrás de mim.
E levou-a rapidamente até à porta da rua, dizendo:
- Vai de autocarro para a empresa. Depois falamos.
E empurrou a aturdida amante para o pequeno jardim que ficava na frente da habitação, fechou a porta e, quando chegou ao escritório já lá estava a mulher de vassoura em punho.
- Onde está essa galdéria? Vai levar umas mocadas e depois quero que me digas se está ou não está cá alguém.
- Podes ter a certeza que não há cá mais nenhuma mulher além de ti, Eva!
- Ai meu sacana que já a puseste na rua! – discerniu ela.
E, começou a dar umas vassouradas no seu homem, enquanto bradava:
- Não apanha ela, apanhas tu, meu estupor! Toma! Toma!

HISTÓRIAS CURTAS

O TÍMIDO
O Reinaldo Aguiar era um tipo tímido.
Mais do que isso, era um tímido quasi patológico.
Com 22 anos e o 12º ano, trabalhava numa empresa em posto de pouca importância, de curta responsabilidade e de baixo salário recebido a troco de um recibo verde.
O emprego foi-lhe arranjado pelo pai.
Filho único, apaparicado, continuava a viver com os progenitores numa casa modesta.
Não tinha carro nem namorada.
Nunca teve coragem para fazer um convite a uma rapariga e, quando eram elas a atiçarem-no, deixava-se ficar indiferente. Não por falta de vontade em corresponder, mas porque alguma força invisível o bloqueava.
Mas agora estava decidido a deixar a vida de eterno solitário e começar a ter relações com mulheres, a todos os níveis. Que diabo! Tinha de vencer a timidez que lhe tornava a vida fastidiosa e muito pouco satisfatória.
E assim resolveu ir às meninas para finalmente perder a virgindade sexual.
Numa noite com o céu estrelado foi até um local que já tinha visitado várias vezes mas sempre sem ter coragem para avançar.
Mas desta vez a determinação era enorme.
Foi caminhando devagar pelo passeio onde as rameiras faziam trottoir ou permaneciam encostadas às paredes das casas lançando olhares e frases de provocação e convite.
- Então filho? Vamos para a cama? – disse-lhe uma delas.
O Reinaldo estacou.
Olhou para ela e viu uma mulher claramente mais velha. Era difícil adivinhar-lhe a idade pois a vida irregular e cheia de complicações fá-las sempre parecer ter mais anos de vida do que aqueles que oficialmente possuem.
- Tem de ser! Vai esta mesmo! – pensou ele, fazendo esforço para vencer a timidez.
E falou:
- E quanto é?
- Quinze euros, fora o quarto – informou a meretriz.
- E quanto é o quarto? – continuou o diálogo, o repentinamente corajoso moço.
- Cinco euros. Mas é bom e limpo.
- Vamos lá! – disse o moço, descarregando algum do nervoso que o tolhia.
- Vamos por aqui, então! – indicou ela, entrando numa porta que estava mesmo ao seu lado.
Ele seguiu-a. Subiram umas escadas de madeira rangendo e ele pode apreciar que ela usava uma saia curtíssima que lhe deixava ver umas calcinhas brancas.
Chegados ao andar superior, a prostituta disse:
- Pagas aqui o quarto – e olhou para um pequeno balcão onde uma mulher já idosa afirmou maquinalmente:
- Cinco euros!
O Reinaldo pegou na carteira, abriu-a, e dela retirou uma nota que entregou à velhota.
- Quarto 7!
- Anda, meu querido! – disse para o jovem.
E a mulher contratada meteu por um corredor estreito parando em frente a uma porta que ela empurrou e logo se abriu. Entrou e o rapaz seguiu-a.
A rameira voltou-se para ele e pediu:
- Primeiro dá-me os quinze euros, filho.
O Reinaldo foi de novo à carteira e entregou-lhe duas notas.
A mulher começou logo a tirar a pouca roupa que tinha e disse:
- Tens camisa?
- Tenho! – respondeu ele.
- Então dá-ma e despe-te.
O Reinaldo entregou-lhe o preservativo, tirou a roupa e ficou nu. Entretanto também a mulher se tinha já despido completamente deixando à vista um corpo com seios descaídos, uma barriga razoavelmente saída e com bastantes estrias, uma boa dose de celulite e algumas varizes bem visíveis nas pernas.
- Deita-te que eu ponho-te isso em pé – ordenou.
O moço esticou-se na cama de barriga para o ar e ela, enquanto lhe pegava no pénis e começava a acariciá-lo disse:
- Tens um belo corpo!
Espremeu a glande para se certificar que o cliente não estava com nenhum esquentamento.
O órgão começou a dar sinais de excitação e ela meteu-o na sua boca para o deixar com a rigidez de um falo competente.
O rapaz permanecia deitado com os olhos fechados.
Pouco depois ela aplicou o condom, deitou-se ao lado dele e disse:
- Já podes meter!
A matrona estava já de pernas abertas e joelhos dobrados e o Reinaldo colocou-se sobre ela na posição do missionário.
Introduziu e começou o movimento de ancas habitual nestas circunstâncias.
A sua cara estava frente à da parceira de ocasião quando esta, gemendo fingidamente, começou a brincar com a placa dentária fazendo-a sair parcialmente da boca e recolhendo-a, várias vezes.
O pobre rapaz, perante tal visão, sentiu que alguma coisa não estaria bem com os seus genitais.
E pouco depois ela comentou.
- Estás sem tesão! Anda cá!
E recomeçou a tentar que o órgão voltasse a entumecer.
Nada!
Passados alguns minutos, a profissional apalpou a base do pénis do coitado e comentou:
- Humm...a molinha está partida. Já não vais conseguir levantar isso. Não vale a pena continuar.
Levantou-se e foi fazer uma rápida higiene, enquanto dizia:
- Podes levantar-te e vestir-te. Agora não vais conseguir. Não gostaste de mim, foi?
O rapaz, frustrado na sua tentativa de perder a virgindade, balbuciou:
- Não! A culpa não foi sua – e começou a vestir-se.
Ainda não estava calçado quando a mulher disse “boa noite” e saiu.
O Reinaldo também se lavou, acabou de se arranjar e, mais acabrunhado do que nunca, abandonou o quarto e o prostíbulo dirigindo-se cabisbaixo para casa dos pais, mas dando uma volta maior que o habitual para tentar limpar a cabeça.
Sem sucesso!
Já na sua cama esperou que o sono chegasse, mas só depois de muito se mexer e remexer é que adormeceu.
Na manhã seguinte, sábado, dormiu até às tantas e acordou bem disposto.
Mas a recordação do fracasso da noite anterior não tardou a deixá-lo de novo em baixo.
- Não posso desistir! Até porque a culpa foi daquela tipa horrorosa – tentava dar-se alento o jovem tímido mas também azarado.

Poucas semanas depois do fracasso da ida às meninas, o Reinaldo Aguiar recebeu um convite de um jovem colega de trabalho.
- Oh pá! Não queres ir comigo e com duas gajas curtir um bocado a noite de sábado, pá? – disse o Júlio Marques.
O Aguiar não respondeu logo, pelo que o outro continuou:
- É assim, pá! Eu convidei para sair uma boazona porque quero ver se a papo. Mas a fulana só sai se levar uma amiga que até é bem jeitosa. Portanto, não só me fazias o favor de entreter a outra gaja como ainda podes acabar por a comer ou pô-la a fazer-te um bobó ou outra coisa qualquer, pá.
Desta vez o Reinaldo falou:
- Posso responder-te amanhã?
- Podes, pá! Amanhã de manhã, ok pá? Porque se não quiseres aproveitar esta oportunidade tenho de falar a outro tipo. Elas tem ambas vinte e poucos anos como nós, pá. Mas tens de empalear um bocado, senão ela fica junto da minha e estraga-me o programa, pá.
- Está bem! Eu amanhã digo-te se vou ou não – comprometeu-se o rapaz.
Durante o resto do dia e à noite, o Reinaldo foi matutando:
- É uma boa oportunidade. Se der deu, se não der, não deu. Espero que não me saia uma que ponha a placa de fora ou faça coisas que me provoquem novo fracasso. Parece que é nova e jeitosa. Com uns copos eu posso ficar mais desinibido e dizer umas piadas que lhe agradem. E se ela simpatizar comigo, pode ser que se torne mais atiradiça, colabore, e eu desta vez consiga.
Na manhã seguinte, mal encontrou o colega no escritório, disse-lhe:
- Já te posso confirmar, Júlio! Estou disponível para sair contigo e com as moças no sábado à noite.
- Óptimo, pá! A minha parceira chama-se Sónia e a tua é Teresa, mas é conhecida por Té. Não te vais arrepender, tenho quasi a certeza, pá.
- Não te esqueças que eu não tenho carro – lembrou o tímido.
- Não há problema, pá! Eu vou-te buscar e depois vamos a casa da Sónia. Ela tem carro mas vai comigo, pá. A Té parece que não tem mas está em casa da Sónia. Parece que mora perto, pá. Assim vamos os quatro, pá.

No sábado seguinte, por volta das dez da noite, o Reinaldo despediu-se dos pais, entrou para o carro do colega e arrancaram para casa da Sónia.
Pouco depois duas jovens, vestidas descontraídamente com jeans, camisa e blusão também de ganga, entraram para o banco traseiro da viatura.
O Júlio, que se apeara para as ir chamar, sentou-se de seguida ao volante e disse:
- Este é o Reinaldo que trabalha lá na minha empresa, pá.
- Olá! – disseram as moças em uníssono.
- Olá! – respondeu o inibido mancebo.
- Eu sou a Sónia! – informou a mais alta e elegante.
- E eu a Té! – apresentou-se a outra, menos elegante mas com uma cara mais bonita.
- Muito prazer! – falou o rapaz, torcendo-se no assento para olhar para ambas.
Eram morenas e de olhos escuros, pelo menos foi o que lhe pareceu.
- Eu proponho irmos beber um copo a um barzinho muito jeitoso e sossegado e depois podemos ir até minha casa, pá. Estaremos à vontade porque os meus velhos foram passar o fim-de-semana fora e levaram a minha irmã. De acordo, pá?
- Por mim estou nessa! – anuiu a Sónia.
- Eu também alinho, pá! – respondeu a outra dando uma risada.
- E tu, Reinaldo? – continuou a Teresa.
- Por mim está fixe!
Pouco depois estavam os quatro sentados numa mesa de um pequeno mas acolhedor bar a falar sobre vários temos.
Depois de café tomado por todos, eles beberam whisky e elas optaram por um licor. Fumaram uns cigarros e, a certa altura, disse o Júlio Marques.
- Vamos agora até minha casa ouvir umas músicas baris que saquei da Net, pá?
- Bora lá, malta! – comandou a Sónia.
E lá seguiram de novo no carro rumo ao apartamento dos pais do condutor.
- Espero que a polícia não me faça soprar no balão, senão estou tramado, pá. É por isso que prefiro estar em casa onde bebo mais à vontade – disse o dono do veículo que conduzia com alguma velocidade mas com segurança, também.
- Não te esqueças que depois tens de nos levar para casa – lembrou a moça mais alta.
- Tudo bem, pá! Eu não abuso. Prometo, pá!
Chegados ao apartamento, sentaram-se todos na sala e a música começou a soar de forma a não incomodar a vizinhança.
- Vocês podem beber à vontade porque não vão conduzir, pá – sugeriu o Júlio.
E os outros não se fizeram rogados: foram bebendo, ora disto ora daquilo...
O anfitrião, atento, disse então para a Sónia:
- Anda ao meu quarto que te quero mostrar uma coisa, pá.
A rapariga, já um pouco tocada e bem disposta, disse logo:
- Vamos lá! E eles não vem?
- Oh Sónia! Eles vem já! Deixa-os curtir um bocado, pá!
- Ok! – concordou a jovem.
- Oh Té! – continuou ela virando-se para a amiga – Vê lá! Não abuses do álcool senão depois ficas mal disposta.
E o parzinho foi para os aposentos do rapaz.
O Reinaldo continuou a beber com a moça. A certa altura, já com uma boa dose de bebidas brancas que o deixaram a falar com a voz entaramelada, de olhos piscos e muito menos tímido, achou que seria a altura de beijar a Teresa. Esta, já estendida sobre o sofá, de olhos fechados, só disse:
- Não me chateies! Quero dormir!
E o Reinaldo pressentiu que ainda não seria daquela que iria perder a virgindade.
Não tardou que também ele estivesse estirado no chão dormindo sossegadamente.
Quando, passados cerca de dez ou quinze minutos, a Sónia saiu do quarto em direcção à casa de banho, nem reparou nos parceiros de noitada. Foi só levantar a tampa da sanita e vomitar com fartura.
O Júlio seguiu-a, observou os dois que dormiam santamente, e desabafou:
- Está tudo bêbedo! Que merda de noite, pá!
Já eram quatro da manhã quando o organizador da farra iniciou a viagem de devolução dos seus convidados aos locais de partida.
A Té ainda vomitou no carro, para cúmulo da irritação do proprietário.

Na manhã de segunda-feira, quando se encontraram no trabalho os dois rapazes, disse o Reinaldo:
- A night esteve bem escura, no sábado.
- Não digas nada, pá! Nem um beijo! Começou logo a dizer que estava mal disposta – queixou-se o Júlio.
- Fica para a próxima – falou o pacato moço.
- Para a próxima não as podemos deixar beber tanto, pá. Eu já tinha obrigação de saber que isto podia acontecer, mas como a Sónia se andava a fazer cara, tanto mais que disse que só ía se levasse a outra, pensei que um bocado de álcool ajudasse, pá.
- E ajudava! Mas não foi um bocado; foi um bocadão.

E assim o Reinaldo Aguiar viu gorada mais uma oportunidade de se fazer homem.

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