A Pedido de Várias Famílias!
A primeira publicação deste BLOG...
Aos olhos do mundo, não passo de um desconhecido.
Mas desde que nasci, aprendi muitas coisas, não sou bom desportista, não sou actor, nem nunca participei na casa do Big Brother. Gosto apenas de estar atento.
Quando era pequeno, foi muito afortunado, tinha fraldas de pano presas com alfinetes de dama -claro tinham de ser lavadas para voltar a usar- não haviam cremes, loções, blá, blá, blá, era pózinho de talco. Brincava nas ruas, aos policias e ladrões, à batatinha frita, à carica (forradas com cascas de laranja e cromos dos ciclistas), ao berlinde,(com abafadores, olhos de boi (saíam nas gasosas)), ao ferro; não tinha play-station, mas tinha televisão a preto e branco (com estabilizador de corrente) e ouvia os parodiantes de Lisboa ( Patilhas e Ventoinha), não tinha game boy, mas tinha os livros dos Cinco e os Sete, o Falcão do qual faziam parte o Major Alvega, o Jim Canadá, o Garra de Aço, o Oliver entre outros, podíamos trocá-los numas casinhas que compravam e vendia livros usados, tinha cromos montes de cromos e soldadinhos de plástico, carrinhos matchbox.
Para além de ter tido a sorte de ter assistido ao único terramoto (Graças a Deus) ao vivo em 1969, à viagem do homem à Lua pela primeira vez, ao 25 de Abril de 1974, ao acidente de Camarate, o incêndio do Chiado (onde se perderam os Armazéns Grandela), a queda do muro de Berlim, ao fim do comunismo na Rússia, sou um rapaz afortunado.
Parece que vivo à cem anos, mas só nasci em 1964, mas que raio, isto é que foi uma (re)evolução em quase 40 anos. Os autocarros de primeiro andar, com porta atrás, deram lugar aos laranjas com ar condicionado, os velhos automóveis Fiat 127, Honda 600, Ford Cortina, Datsun e os Carochas; deram lugar aos Audi A4, Renault Clio, Peugeot 307. Os cinemas desapareceram, o Monumental, o Império, o Alvalade, o Éden, para dar lugar aos famosos cinemas de 10 salas (com a barulheira das pipocas). A policia deixou de se vestir de cinzento e passou para o azul, os táxis deixaram de ser pretos com capota verde para passarem a ser cremes, desapareceram os anúncios eléctricos do cimo dos prédios para dar lugar aos muppies e outdoors, as revistas eram a Flama e a Plateia, já se vêm tão poucos eléctricos, à bem pouco tempo dava para ir até Carnide ou até ao Campo Grande, apareceram os primeiros centros comerciais, o Imaviz o Apolo 70, O Centro de Alvalade, agora o Colombo o Vasco da Gama o Almada Fórum.
O telefone era preto com marcador furado e com o número a começar em 715.... agora é sem fios e começa por 21... a televisão, o Espaço 1999, o Viking, a Heidi, o Santo, o Zip-Zip, a Cornélia, o 1,2,3... ainda conheci o Ribeirinho, a Laura Alves, a Ivone Silva, o Paulo Renato, o Eugênio Salvador, o Henrique Santana, na música o António Variações, o Carlos Paião, o Zeca Afonso, a Amália, na política o Marcelo Caetano, o Américo Tomás, o General Spinola, o Costa Gomes, o Pinheiro de Azevedo, o Sá Carneiro, o Mota Pinto; no desporto o Jesus Correia, o Eusébio, o Damas, o Yazalde, o Torres o Simões, o Carlos Lopes o Joaquim Agostinho.
E os filmes, “Os canhões de Navarone”, “Música no Coração”, “A Torre do Inferno”, “Tubarão”, “Encontros Imediatos do 3º Grau”.
Grande Evolução...assim tão de repente, e o mais engraçado é que quem nasceu à 15 anos não se lembra de nada disto, nem das notas de vinte escudos do Stº António (Alfaces).
As carruagens do metro eram vermelhas, feias e o percurso Sete-Rios /Alvalade.
Escrevi obrigatoriamente com caneta de tinta permanente e apesar de canhoto, fui obrigado a escrever com a mão direita. Fiz exame na 4ª Classe e exame escrito e oral no 9º Ano.
O leite e o pão eram vendidos porta a porta. Não havia Hipermercados, mercearias isso sim, peixarias e talhos. A Gasolina era super ou normal, não havia sem chumbo. Havia o Rally de Portugal (que bom que era Sintra à noite), não havia auto estrada, nem para o Porto nem para lado nenhum, as estradas de paralelo, os policias sinaleiros.
A roupa lindíssima, camisas com grandes colarinhos, calças à boca de sino(preferencialmente Lois), pulóveres Sidney, pólos Lacoste, cabelo comprido, óculos Ray Ban, o máximo... Abaixo a meia branca.
Não havia Totoloto, só totobola, 1 X 2 ... e lotaria.
Os gelados Olá de Laranja ou de Morango com prémio no pauzinho, depois lá apareceu o Super Maxi.
Bolacha Maria, Sumos Royal que não faziam nem bem nem mal, manteiga Primor, Canadá Dry, pois Coca Cola não havia, nem Pepsi. Relógio Timex, (que sucesso fizeram os relógios digitais que os chineses agora vendem a dois euros) Ténis Sanjo, (o pessoal com mais dinheiro comprava All Star), cigarros Porto, Ritz, 2002 Control, Negritas, Definitivos, Kentuchy (os célebres mata ratos), chocolates Regina, Pastilhas Gorila.
Não havia vídeos nem câmaras de filmar e as máquinas fotográficas eram rudimentares, lá apareceu o computador e o famoso sistema DOS. Não haviam telemóveis e falávamos sempre com os amigos.
Os discos eram de vinil com trinta e três rotações ou quarenta e cinco rotações, para não falar nos de setenta e oito rotações que ainda eram mais antigos.
As discotecas tinham matinés; O Archote, o Bit, as Caves Adão, o Porão da Nau.
Que bom era ir de barco a Cacilhas almoçar, já ninguém vai a Cacilhas almoçar.
Ouvir a onda média da rádio... do rádio clube português... na televisão (só RTP 1 e 2) davam os primeiros passos... o Carlos Cruz, O Fialho Gouveia, a Maria Leonor e o Pedro Moutinho, o Sousa Veloso com o seu TV Rural ou as noites de Vitorino Nemésio, os filmes a preto e branco do António Lopes Ribeiro e o seu inseparável Mello “Óh Mello diz boa noite”, “A Pandilha” antes de dormir, a animação do Vasco Granja.
A Guerra do Ultramar, a mensagem dos soldados: Para a minha mãe, pai, irmão e restante família, um Natal cheio de “propriedades”.
Poça já lá vão quase 40 anos, mas parecem cem.
Lembro-me de ir à Feira Popular, já pouca gente vai à Feira Popular, humm algodão doce...
Hoje há muita coisa para um País tão pequeno...
Quem vai hoje em dia, andar de barco para o jardim do Campo Grande ao Sábado?
Alugavam-se bicicletas, motas, no Campo Grande, haviam grandes touradas no Campo Pequeno (onde perdi o meu primeiro dente), Ricardo Chibanga, Manuel dos Santos, Mestre Baptista, Miguel da Veiga.
Marcas, falemos de marcas, por onde andaram a Oliva – máquinas de costura, os sabonetes Rexina ou Palmolive, Azur ou o Presto – detergente para a roupa (fazia colecção dos bonecos das embalagens), o restaurador Olex – retarda a queda do cabelo, cerveja Marina e a famosa Laranjina C ?
Aos olhos do mundo, não passo de um desconhecido.
Mas desde que nasci, aprendi muitas coisas, não sou bom desportista, não sou actor, nem nunca participei na casa do Big Brother. Gosto apenas de estar atento.
Quando era pequeno, foi muito afortunado, tinha fraldas de pano presas com alfinetes de dama -claro tinham de ser lavadas para voltar a usar- não haviam cremes, loções, blá, blá, blá, era pózinho de talco. Brincava nas ruas, aos policias e ladrões, à batatinha frita, à carica (forradas com cascas de laranja e cromos dos ciclistas), ao berlinde,(com abafadores, olhos de boi (saíam nas gasosas)), ao ferro; não tinha play-station, mas tinha televisão a preto e branco (com estabilizador de corrente) e ouvia os parodiantes de Lisboa ( Patilhas e Ventoinha), não tinha game boy, mas tinha os livros dos Cinco e os Sete, o Falcão do qual faziam parte o Major Alvega, o Jim Canadá, o Garra de Aço, o Oliver entre outros, podíamos trocá-los numas casinhas que compravam e vendia livros usados, tinha cromos montes de cromos e soldadinhos de plástico, carrinhos matchbox.
Para além de ter tido a sorte de ter assistido ao único terramoto (Graças a Deus) ao vivo em 1969, à viagem do homem à Lua pela primeira vez, ao 25 de Abril de 1974, ao acidente de Camarate, o incêndio do Chiado (onde se perderam os Armazéns Grandela), a queda do muro de Berlim, ao fim do comunismo na Rússia, sou um rapaz afortunado.
Parece que vivo à cem anos, mas só nasci em 1964, mas que raio, isto é que foi uma (re)evolução em quase 40 anos. Os autocarros de primeiro andar, com porta atrás, deram lugar aos laranjas com ar condicionado, os velhos automóveis Fiat 127, Honda 600, Ford Cortina, Datsun e os Carochas; deram lugar aos Audi A4, Renault Clio, Peugeot 307. Os cinemas desapareceram, o Monumental, o Império, o Alvalade, o Éden, para dar lugar aos famosos cinemas de 10 salas (com a barulheira das pipocas). A policia deixou de se vestir de cinzento e passou para o azul, os táxis deixaram de ser pretos com capota verde para passarem a ser cremes, desapareceram os anúncios eléctricos do cimo dos prédios para dar lugar aos muppies e outdoors, as revistas eram a Flama e a Plateia, já se vêm tão poucos eléctricos, à bem pouco tempo dava para ir até Carnide ou até ao Campo Grande, apareceram os primeiros centros comerciais, o Imaviz o Apolo 70, O Centro de Alvalade, agora o Colombo o Vasco da Gama o Almada Fórum.
O telefone era preto com marcador furado e com o número a começar em 715.... agora é sem fios e começa por 21... a televisão, o Espaço 1999, o Viking, a Heidi, o Santo, o Zip-Zip, a Cornélia, o 1,2,3... ainda conheci o Ribeirinho, a Laura Alves, a Ivone Silva, o Paulo Renato, o Eugênio Salvador, o Henrique Santana, na música o António Variações, o Carlos Paião, o Zeca Afonso, a Amália, na política o Marcelo Caetano, o Américo Tomás, o General Spinola, o Costa Gomes, o Pinheiro de Azevedo, o Sá Carneiro, o Mota Pinto; no desporto o Jesus Correia, o Eusébio, o Damas, o Yazalde, o Torres o Simões, o Carlos Lopes o Joaquim Agostinho.
E os filmes, “Os canhões de Navarone”, “Música no Coração”, “A Torre do Inferno”, “Tubarão”, “Encontros Imediatos do 3º Grau”.
Grande Evolução...assim tão de repente, e o mais engraçado é que quem nasceu à 15 anos não se lembra de nada disto, nem das notas de vinte escudos do Stº António (Alfaces).
As carruagens do metro eram vermelhas, feias e o percurso Sete-Rios /Alvalade.
Escrevi obrigatoriamente com caneta de tinta permanente e apesar de canhoto, fui obrigado a escrever com a mão direita. Fiz exame na 4ª Classe e exame escrito e oral no 9º Ano.
O leite e o pão eram vendidos porta a porta. Não havia Hipermercados, mercearias isso sim, peixarias e talhos. A Gasolina era super ou normal, não havia sem chumbo. Havia o Rally de Portugal (que bom que era Sintra à noite), não havia auto estrada, nem para o Porto nem para lado nenhum, as estradas de paralelo, os policias sinaleiros.
A roupa lindíssima, camisas com grandes colarinhos, calças à boca de sino(preferencialmente Lois), pulóveres Sidney, pólos Lacoste, cabelo comprido, óculos Ray Ban, o máximo... Abaixo a meia branca.
Não havia Totoloto, só totobola, 1 X 2 ... e lotaria.
Os gelados Olá de Laranja ou de Morango com prémio no pauzinho, depois lá apareceu o Super Maxi.
Bolacha Maria, Sumos Royal que não faziam nem bem nem mal, manteiga Primor, Canadá Dry, pois Coca Cola não havia, nem Pepsi. Relógio Timex, (que sucesso fizeram os relógios digitais que os chineses agora vendem a dois euros) Ténis Sanjo, (o pessoal com mais dinheiro comprava All Star), cigarros Porto, Ritz, 2002 Control, Negritas, Definitivos, Kentuchy (os célebres mata ratos), chocolates Regina, Pastilhas Gorila.
Não havia vídeos nem câmaras de filmar e as máquinas fotográficas eram rudimentares, lá apareceu o computador e o famoso sistema DOS. Não haviam telemóveis e falávamos sempre com os amigos.
Os discos eram de vinil com trinta e três rotações ou quarenta e cinco rotações, para não falar nos de setenta e oito rotações que ainda eram mais antigos.
As discotecas tinham matinés; O Archote, o Bit, as Caves Adão, o Porão da Nau.
Que bom era ir de barco a Cacilhas almoçar, já ninguém vai a Cacilhas almoçar.
Ouvir a onda média da rádio... do rádio clube português... na televisão (só RTP 1 e 2) davam os primeiros passos... o Carlos Cruz, O Fialho Gouveia, a Maria Leonor e o Pedro Moutinho, o Sousa Veloso com o seu TV Rural ou as noites de Vitorino Nemésio, os filmes a preto e branco do António Lopes Ribeiro e o seu inseparável Mello “Óh Mello diz boa noite”, “A Pandilha” antes de dormir, a animação do Vasco Granja.
A Guerra do Ultramar, a mensagem dos soldados: Para a minha mãe, pai, irmão e restante família, um Natal cheio de “propriedades”.
Poça já lá vão quase 40 anos, mas parecem cem.
Lembro-me de ir à Feira Popular, já pouca gente vai à Feira Popular, humm algodão doce...
Hoje há muita coisa para um País tão pequeno...
Quem vai hoje em dia, andar de barco para o jardim do Campo Grande ao Sábado?
Alugavam-se bicicletas, motas, no Campo Grande, haviam grandes touradas no Campo Pequeno (onde perdi o meu primeiro dente), Ricardo Chibanga, Manuel dos Santos, Mestre Baptista, Miguel da Veiga.
Marcas, falemos de marcas, por onde andaram a Oliva – máquinas de costura, os sabonetes Rexina ou Palmolive, Azur ou o Presto – detergente para a roupa (fazia colecção dos bonecos das embalagens), o restaurador Olex – retarda a queda do cabelo, cerveja Marina e a famosa Laranjina C ?